Inteligência Emocional e Aprendizagem

O contexto mundial no século XXI, trouxe consigo muitas transformações para toda a humanidade. Os efeitos podem ser observados tanto na área climática, quanto nas áreas econômica, social e educacional. Estas mudanças estão ocorrendo de forma muito acelerada e há necessidade de flexibilização e adaptação dos seres humanos a essa nova forma de aprender e de conviver.

De acordo com Jacques Delors (1998), coordenador do “Relatório para a Unesco da Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI”, no livro Educação: um tesouro a descobrir, já apresentava os quatro pilares para a educação. Nos quais, são explorados os conceitos de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. Até hoje, essas questões voltadas à formação integral do ser humano recebem bastante investimento nas áreas da saúde e educação e, atualmente, na área de Recursos Humanos. Observando os aspectos cognitivos, de seu fazer e de sua formação intelectual, e dos aspectos subjetivos que dizem de sua forma de ser e de conviver junto ao coletivo.

A aprendizagem é uma condição inerente aos seres humanos. Tem a inteligência emocional como um modo com que cada um se relaciona com as situações e com os objetos de aprendizagem do cotidiano. Bem como, nos efeitos que as transformações causam em cada um.

Neste sentido, o autoconhecimento produz mudanças na postura com que cada um se relaciona com o aprender. Tanto com os objetos de aprendizagem quanto em suas relações interpessoais. Ao observar os aspectos cognitivos do seu saber fazer e conhecer, e os aspectos subjetivos de sua aprendizagem que dizem de suas aptidões de saber ser e saber convier, proporcionam segurança nas decisões e contribui para um melhor desempenho nas relações pessoais e profissionais. Consequentemente, sua saúde mental se beneficia.

O atual contexto de pandemia gerou necessidades de adaptação, que continua em evolução. Seja nas estratégias para trabalhar com formação continuada, no uso de novas tecnologias, novos formatos de ser e conviver. Outrossim, tivemos prejuízos de grande magnitude na área da educação devido à quebra de continuidade e a consequente perda de conteúdo. Além, das questões relacionais que ficaram prejudicadas, em especial no caso de crianças e jovens.

A área da saúde, por sua vez, teve que se adaptar com uma velocidade muito grande à novas tecnologias e condições de atendimento hospitalar. Saber fazer e saber ser foram vivenciados intensamente. A falta de protocolos e a difusão de diferentes correntes não comprovadas, dentre outros aspectos, construíram um ambiente ainda mais caótico. Os profissionais se depararam com a incapacidade de resolver situações que se apresentavam naquele momento. Ao mesmo tempo, tendo que tomar decisões antes impensadas nos espaços de atendimento de saúde.

Uma pesquisa organizada em 2020 pelo Ministério da Saúde, sobre a saúde mental dos profissionais que estiveram na linha de frente na COVID-19, teve como resultados preliminares taxas elevadas de ansiedade (86,5%); transtorno de estresse pós-traumático (45,5%) e de depressão (16%) em sua forma mais severa. (http://hdl.handle.net/10183/219041)

Enquanto isso, as empresas se mostram preocupadas com a performance dos seus colaboradores. Algumas investem na avaliação por desempenho para minimizar os erros na contratação, principalmente em cargos estratégicos de gestão. Na análise de perfil, são investigados como os candidatos se relacionam aos eventos do cotidiano em que precisam tomar decisão rápidas e assertivas, bem como aos relacionamentos interpessoais.

Indagações que se fazem neste contexto: Como lidar com o imperativo de se adaptar a essas mudanças tão rápidas? Como flexibilizar nossas ações perante o trabalho coletivo? Como essas transformações impactam os sujeitos tanto no âmbito individual quanto coletivo? Que estratégias individuais e coletivas precisam ser pensadas?

No momento em que nos deparamos com tantas incertezas com relação ao futuro, pois tudo está em transformação, há a necessidade de nos encontrarmos conosco, sabermos de nossas qualidades e nossas fragilidades, nos encontrarmos com nossas histórias.

Uma pessoa que conhece e valoriza suas potencialidades, enfim, que tem um autoconhecimento de si mesmo, é uma pessoa que tem uma saúde mental mais equilibrada. Pois, sabe quais são suas maiores fragilidades, bem como, pensa em estratégias de minimizar os impactos do coletivo em sua singularidade.

Isso diz de uma postura de inteligência emocional onde o autoconhecimento se refere as questões de ordem subjetiva, ou inconscientes. Requerem uma atenção a sua história pessoal familiar, bem como, a cultura onde foi criada, as identificações que se fizeram ao longo da vida e sobre suas escolhas pessoais.

Esp. Psicanálise e Psicopedagoga Izabel Ludwig

Referências:

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Tradução de José Carlos Eufrázio. São Paulo: Cortez, 1998

http://hdl.handle.net/10183/219041

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